terça-feira, 24 de agosto de 2010

Constrangimento na Galeria do Rock!

Sábado de manhã, enquanto ouvíamos THE ANSWER num som cristalino, conversando animadamente com nossos amigos-clientes, e só temos clientes colecionadores e especializados, TODOS, SEM EXCEÇÃO, independente de quem, o que compra ou quanto compra, pois quem consome rock e metal é colecionador, partimos deste princípio, por isso nosso comprido nome é Die Hard Classic Rock and Heavy Metal Collectibles... Então, THE ANSWER rolando e tal, quando de repente um som de guitarra alto e viajandão toma a Galeria do Rock... Lembrava um pouco um bimotor aquecendo para a decolagem, alto, muito alto, acabou com o nosso THE ANSWER... - O que é isso? - De onde vem? - PQP que alto! e parou. Todo mundo volta ao normal, o vinho de primeira volta a rolar, JOE BONAMASSA com sua maravilhosa e honesta cover de "Tea for One" do Led Zeppelin; - Como está o novo do Iron? - Tocam por amor à música ainda? - E o novo do Angra? E lá vem de novo aquele som ensurdecedor, mas agora com ritmo brasileiro, música regional, folclórica, ahhh, acho que baião... Isso mesmo, baião. E altíssimo. Talvez forró, na verdade me confundo, e não vai aí falta de respeito não, apoiamos toda forma de expressão artística, e todo mundo sabe disso... Mas BAIÃO/FORRÓ ou seja lá o que for, bem alto, no sábado de manhã na Galeria do Rock??? Olhamos pra fora da loja e todo mundo correndo pra ver o que era, como se fosse um acidente (curiosidade mórbida, Freud deve explicar) e, do alto do segundo andar da Galeria do Rock (ainda se chama assim, "do Rock"), um grupo circense à caráter, NA FRENTE DA GALERIA DO ROCK, tocando BAIÃO/FORRÓ bem alto. Uns riam, outros olhavam incrédulos (eu inclusive), e o questionamento geral: - Isto é um circo? - Se forem palhaços não têm graça. - Abaixa isso aê ô... e por aí vai. Constrangimento total. Tirei uma foto, uma só pois fiquei com vergonha das pessoas em volta pensarem que eu estivesse gostando, foi só pra documentar o fato (veja a foto em http://www.fotolog.com.br/diehardrecords/). Voltei pra loja onde já estavam tentando rolar CANNIBAL CORPSE pra combater o barulhão. Estávamos tentando degustar o melhor do Death Metal, mas contaminado com aquele som despropositado rolando alto lá fora. Claro, repito, que apoiamos toda forma de manifestação artística, mas não precisamos gostar. Respeitar é respeitar, como religião ou política, ou futebol, mas jamais rolaríamos nosso CANNIBAL CORPSE na frente da Galeria do Forró, caso existisse uma, e agiríamos assim por respeito. A culpa não é da trupe barulhenta lá fora, mas de quem os convidou pra fazer esta performance equivocada lá, alguém que pensou que uma guitarra alta fosse rock. Um lojista amigo nosso veio nos questionar pra ver o que achávamos daquilo, e constatou que a nossa opinião era igual a sua. Claro, só poderia ser... Achamos que fosse provocação!
Precisamos urgentemente eleger um curador ou algo semelhante pra escolher melhor os eventos patrocinados pela Galeria do Rock, que insiste em se chamar "Instituto Cultural", mas urgente mesmo pois já tivemos desfile de moda com som techno num sábado, dia de maior movimento, e num lugar onde só tem (tinha?) gente que curte rock e metal, ou seja, afastou todo mundo... Já tivemos estátua do Michael Jackson junto com a do Elvis Presley e Raul Seixas... Ou alguém acha que são farinha do mesmo saco, ou se aproveitou do momento da morte do primeiro, o que seria tão deplorável quanto a ignorância em nivelar os três por baixo, e mesmo a imprensa gritando o tempo todo "rei do POP"... Já tivemos uma novela, acredite, uma novela onde um dos personagens (sim, personagens) era a Galeria do Rock, por mais surreal que possa parecer, aconteceu, com a caricaturização dos frequentadores e lojistas "tiozinhos do rock", como não poderia deixar de ser, bem global mesmo, e, claro, foi o pior ibope do horário, de todos os tempos, como prevíamos (basta ler nossos posts anteriores), bem feito... Talvez seja provocação mesmo, será? Ou ignorância, auto-destruição... Nós aqui da Die Hard fazemos o que podemos, oposição cultural. Usamos nossos canais pra gritar (viva a liberdade de expressão) que algo está errado, que estamos rumando pra um lugar muito perigoso...
Fica claro que ninguém foi avisado ou consultado, ou só nas reuniões ficam se sabendo das coisas? E nem adianta os minúsculos avisos no elevador (eu, por exemplo, subo escadas). Olhaí de novo a falta de um assessor de imprensa, estamos mal de divulgação também... Fica claro também que a "surpresa" não agradou a ninguém que tenhamos visto, nem lojistas, nem clientes e frequentadores...
Não custa falar de novo aqui que a administração da Galeria do Rock é eficiente. Temos segurança, limpeza, funcionários educados e cumpridores de suas funções, normas do Corpo de Bombeiros seguidas à risca, etc... Nada contra isso ou ninguém em particular, mas a parte cultural, e a Galeria do Rock existe APENAS graças a isto, está sofrendo, já na UTI... Poderiam colocar a parte cultural da Galeria do Rock nas mãos de alguém mais profissional, menos jeca, cafona, brega. Sem ofensa, mas pelos exemplos que citei acima estes adjetivos estão até leves. Precisamos de alguém com um pouco mais de senso, que seja do meio pelo menos... Fico pensando se eu fosse da administração da fictícia Galeria do Forró, citada acima, jamais escolheria uma banda pra tocar alto sábado de manhã, pois não entendo, não conheço, não sou do meio. Creio que respeitaria e escolheria alguém que ama forró alguém que tenha influência, que as bandas respeitam... E acho óbvio!!! Aqui na Galeria está cheio de gente capacitada, mas cheio mesmo, nosso amigo Luiz Calanca é curador (ou algo parecido) da Galeria Olido, por exemplo, convidando bandas diferentes pros sábados no "Rock na Vitrine", tem gente especializada em hard, em metal, em rock clássico e em outras vertentes... Nem precisaria ser alguém da Galeria, mas alguém QUE MANJA...
Nós estamos fazendo nossa parte, e, por favor, diga-nos, você que está lendo e, portanto, colecionador especializado, o que acha disto? Será muito importante, servirá como um abaixo assinado, pois os responsáveis aqui na Galeria do Rock lêem este blog, disso temos certeza...
Valeu pra quem leu até aqui, e pra quem comentar também. ABRAÇO.
Vincent Morrison - DIE HARD

4 comentários:

Francisco Pai & Filho disse...

Eu li, fiquei indignado com esse tipo de evento. Sei que a administração nomeia a galeria como "galeria de todas as tribos", e através dessa denominação é possível alugar loja para o que quer que seja. Desde loja de Musica indígena, cabeleireiros, e, com esse tipo de atitude, loja de forró.

Se a galeria fosse uma marca, ao ver da administração, é como uma sandália Havaiana na década de 80 (Aquela que ficava do lado da Cândida, no lugar mais fedido do mercado). A administração quer continuar a vender, ou alugar, a Havaiana, mas quer 25 Euros, como ocorre com a "sandália de pobre" na atualidade.

É uma tentativa mal feita de reposicionamento de "marca". Trocar de rock para forro não é lucrativo em termos de locação de lojas (A não ser para a banda Calipso). Vai trocar o povo que junta uma grana para comprar o cd original de suas bandas preferidas por um monte de gente que paga R$ 5,00 por um Cd pirata de forro e que não estão nem ai para os artistas que se mataram para "fazer" (ou tentar fazer) o cd.

Financeiramente não compensa.

Se fosse para tocar coisa que é “POP”, essas febres que em geral dão grana, seria compreensível. Mas investir num tipo de som discriminado e associado a gente sem cultura é, na minha opinião, prova de ignorância ou falta de foco administrativo.

Não seria mais interessante dar uma cara “jovem” para a galeria. Criar espaços pra autógrafos e eventos que pudessem atrair mais gente para a galeria, beneficiando os atuais logistas?
Torturar logistas é uma prova de descaso para com aqueles que ralam tanto para pagar seus aluguéis e manter o nome e a tradição do rock no centro de São Paulo.

Grande Abraço

Francisco (Maldade) Barbosa

Rafaelzc disse...

Enquanto jornalista e colecionador ávido de rock e metal, me candidatava JÁ pra trabalhar como curador cultural de um dos lugares que mais quero conhecer nesse nosso Brasil! (ah!, se eu fosse de São Paulo...)

ZeroCoolbr disse...

Fala ai Fausto, aqui quem fala é o Thiago que compra com vocês desde 1997, estou meio afastado após conhecer o Itunes Store, mudei de ares e de estilo musical(na verdade só somando ao meu gosto inclusive sou grande fã de The Answer), porém o meu apreço por vocês continua e sempre continuara o mesmo, você lembra daquele grupo de folk que você me apresentou? eu perdi o cd, vcs tem ele ai ainda?
Outra coisa bicho,começem a usar o twitter como forma de promover seus lançamentos e promoções.

Grande Abraço!

Luiz Matos disse...

Presto meu total apoio a Die Hard Records minha loja predileta da galeria, e defendo com convicção que "A GALERIA É DO ROCK", abaixo toda essa descaracterização cheia de skatistas, lojas de camisas de gangues ou grupos terroristas, roupas com frases de mau gosto e esse excesso de lojas de tatuagens de indies e frufuzadas de emos que de Rock não tem nada e nem nunca vão ter. Aí vem a “administração” e coloca um grupo artístico tocando forró ou qualquer outro nome desse gênero tão "amado" pelo seu público que só compra o CD pirata na feira ou na barraquinha da esquina e que não sabe nem o nomes dos músicos sequer e não estão nem aí para nenhum deles e faz uma “enorme" falta de respeito com as lojas de Heavy Rock e com nós Headbangers que tanto amamos o nosso Rock e Metal sem hipocrisia, com muito carinho e dedicação para manter a nossa cena musical ativa e prospera, tanto que eu prefiro gastar meu suado dinheiro em CDS originais, e produtos que agregam valor ao mercado fonográfico e que ajudam os artistas que eu amo muito, não importa se é vinte reais ou cem reais o preço.

E se é para fazerem uma apresentação cultural que tenha algum valor para nós freqüentadores, bem que poderiam ter chamado o Korzus, ou Torture Squad para tocarem, por exemplo. Levem músicos do Heavy Rock para sessões de autógrafos nas lojas, ou em algum espaço reservado e de fácil acesso para os lojistas e sem tanta burocracia e frescurites entre muitas outras bobagens que só dificultam.

Pô, já basta os “funks cariocas arruinando com o “bom gosto que resta” da sociedade e a minha audição nas ruas ou na frente de minha casa, e os forrós das bandas Jeguinho Cornudo da vida, tocando no bar perto de minha casa também”. Aí você vai à GALERIA DO ROCK no Sabadão para rever amigos, comprar CDS, saber das novidades e pronto, você se "lasca" lá também, olha pro céus e lamenta-se:- Até aqui, nãooooooo!!!! Respira um pouco e diz: - DIO, cante aí do paraíso e nós salve disso, querido baixinho.

Sou um freqüentador fiel da "GALERIA DO ROCK" à cerca de onze anos e nunca antes eu vi a minha tão amada "GALERIA DO ROCK" "zoada" como está hoje.
A estrutura do local está ótima, mas a essência está contaminada, corrompida, doente e precisa de uma caixa de comprimidos de "ROCKMÉDIO" para se curar de vez dessa fase nefasta.

Que fique bem claro, respeito muito todas as mais diversas manifestações artísticas e culturais do meu país e de minha cidade e não concordo com esse tipo de atitude deslocada e fora de foco.

Para encerrar faço das palavras do grande baixista Alex Webster da Banda Cannibal Corpse minhas:

- O Edu da Tumba Records me levou num lugar incrível em São Paulo, parecia um Shopping Center de Headbangers.

É esse Shopping Center de Headbangers que eu quero devolta.

“VIVA O ROCK DA GALERIA DO ROCK”

Cineasta
Luiz Carlos Silva Matos